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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tulpan

Tulpan




Tulpan é um filme simples, com um argumento simples e sem estética pretenciosa.


A primeira ficção do realizador Sergei Dvortsevoi, nascido em 62 no Cazaquistão, fazendo ainda este parte da união soviética.

É escrito em conjunto com Gennadi Ostrovsky, já mais experiente na àrea da ficção.

O filme foi oficialmente lançado em 2009 nos Estados Unidos, chegou a Portugal na recta final de 2010, a 30 de Dezembro.


Acabado de vir do serviço na marinha, um jovem pastor das inóspitas estepes do Cazaquistão, regressa aquilo a que chama casa. Um yurt onde vive com a irmã, o marido da irmã e os sobrinhos, filhos do casal. Como todos os jovens pastores cazaques, sonha ter o seu próprio rebanho. O patrão só lhe oferece o primeiro rebanho se este casar casar, mas casar é difícil, porque a única rapariga disponível em largas centenas de quilómetros, Tulpan, acha que Asa tem as orelhas muito grandes para ser seu marido.

A partir destas situações o personagem questiona quem é, onde pertence, que valores lhe são mais queridos, para que foi talhado desde que nasceu.

E parece encontrar resposta para tudo nas secas estepes do Cazaquistão!

O filme é também carregado de metáforas que nos são dadas através dos animais que povoam o filme de forma incessante.


O trabalho dos actores é fantástico, e só se desconfia de facto que são actores porque naquele local com aquele trabalho, ninguém consegue ter as unhas tão limpas nem os dentes tão brancos e completos.

Ter incluído crianças e animais em tantas cenas de grande importância, dá no meu ponto de vista brejeiro o prémio “Balls of Steel” ao realizador!


A banda sonora é constituida por duas canções. Uma é entoada pela sua sobrinha que aquilo que mais gosta de fazer é cantar, a outra é o que parece ser a única cassete que o seu amigo tem no rádio do tractor, que por sinal é um carro industrial cheio de pornografia, onde nunca transporta animais. A canção é "Rivers of Babylon". O resto é o vento, as ovelhas, os camelos e o vento novamente, porque a música é feita por homens, e ali poucos há.


99% do tempo a câmara está na mão do que possivelmente é o realizador que vai escolhendo para onde a apontar de forma muito cuidada e elegante, criando longos planos sequência, sem caír no clichê da montagem do diálogo mais clássica A – B – A – B . Aquilo simplesmente flui. Se se perdeu um pouco de conversa daqui ou dali, pouco importa, o conteúdo está todo lá.


O filme é maravilhoso, a vida nas estepes do Cazaquistão nem tanto.

Link para o filme:

http://www.youtube.com/watch?v=naT9O8X13Ko


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

"Cópia Certificada" de Abbas Kiarostami

A criança brinca à chuva.
-Vem para dentro que está a chover!
-E então?
-Então ficas todo ensopado!
-E então?
-E então constipas-te!
-E então?
-Então podes apanhar uma pneumonia se te constipares!!
-E então?
-E então podes morrer!!!
-E então, não vamos todos morrer?
Um monólogo interpretado por Juliette Binoche, Elle, no último filme de Abbas Kiarostami.
"Cópia Certificada", que está agora em algumas salas de Cinema para ser apreciado pelos amantes da Sétima Arte.
Não é uma comédia nem um filme romântico. É um filme brilhantemente realizado acerca da grande dificuldade que pode ser manter uma relação próxima de alguém que nos é muito querido, e de que mais feliz é aquele que mantiver tudo à sua volta o mais simples possível. É entender que um gesto simples como tocar no ombro de alguém, pode tornar essa pessoa mais feliz. O que é o original? O que é a cópia?
A confusão que são o Inglês, Italiano e Francês, quando faladas ao mesmo tempo por duas pessoas diferentes. Uma metáfora, obviamente.
Tanto Juliette Binoche como William Shimell são impecáveis nos papéis que desempenham, representando de uma forma extremamente contida, onde grande parte das vezes conseguem dizer mais com a expressão corporal que com o texto.
O argumento é simples, porém bem explorado. Só alguém sem pingo de humanidade seria capaz de não reconhecer naquelas duas personagens, Elle e James Miller, um pouco de si num ou outro momento da sua vida.
Kiarostami é simplesmente "brilhante", colocando a câmara sempre de uma forma muito simples, mas elegante e coerente, dando quase sempre uso a toda e qualquer superfície espelhada para mostrar o que se passa do outro lado.
O filme decorre num ritmo bastante lento, o que nem é bom nem mau. É assim. O hábito criado por outro tipo de cinema, tanto no que diz respeito ao ritmo e leitura dos planos, como no que diz respeito à banda sonora, faz com que o espectador comum se aborreça com facilidade, sendo esta talvez uma explicação para o factor da sala conter apenas 3 pessoas.
Mais uma grande obra do tardio realizador que vale a pena ver.
Este filme valeu a Binoche o prémio de melhor actriz no Festival de Cinema de Cannes 2010