Já agendado há algum tempo, teve ontem lugar no Campo Pequeno o espectáculo que juntou Brian Spence e Great White, dois ícones da denominada cultura dos anos 80.
Aguardado com grande expectativa pelos fans que acorreram em grande número àquele recinto, principalmente pela presença dos californianos Great White, o espectáculo revelou-se uma desilusão, devido à actuação sofrível destes.
Desde logo não puderam trazer o vocalista da banda, Jack Russel, a recuperar de uma doença tendo sido substituído por Jani Lane, ex-vocalista da banda também americana Warrant.
E de facto tudo correu mal. Jani Lane teve problemas de voz, algumas guitarras apareceram subitamente desafinadas, diversos elementos incluindo o vocalista (que passava o tempo a beber água e Coca-Cola) abandonaram várias vezes o palco, a banda em si não percebeu o espírito do público. Os hits mais conhecidos ficaram em casa.
Culpas também para a organização. É do senso comum que, salvo raríssimas excepções, as bandas perdem identidade com a ausência do vocalista original, qualidade essa que se agrava quando o ponto alto da banda ocorre há muitos anos atrás.
Parece estar na moda o revivalismo do período 80’s e por isso um negócio e nicho de mercado que à partida tem sucesso garantido. Anos 80 é um saco onde cabe muita coisa e o seu público sabe escolher, desfrutar e avaliar. Deveria a organização ter precavido essa situação. A qualidade do som também não foi a melhor e já não é a primeira vez que tal acontece em eventos da Remember Minds no Campo Pequeno. Também a ver com a organização, será assim tão difícil de perceber que é IMPOSSÍVEL proibir as pessoas de fumar em eventos destes???
Salvou-se Brian Spence. Grande surpresa sem dúvida. Se inicialmente cabia-lhe pouco mais do que “abrir” Great White, com uma banda composta por músicos portugueses proporcionou um espectáculo bastante agradável. Muito bem a banda que, certamente também seus fans, o enriqueceram.
Em resumo, valeu-me a noite do Campo Pequeno por isso e pela oportunidade de reencontrar velhos amigos que a evolução normal da vida distanciou e de rever velhas caras que, embora só de vista, são-nos conhecidas há muitos anos de outras noites. Sempre à luz do mesmo espírito, dos mesmos gostos, quais membros excomungados que se voltam a encontrar naquela tribo…
Ricardo Duarte.