terça-feira, 12 de outubro de 2010

Coragem - I

É o tema dominante da nossa actualidade a questão em torno do novo orçamento de Estado. Em campo dois lados opostos esgrimem os seus argumentos. De um lado o proponente do documento, o Governo. De outro, a oposição liderada pelo maior partido contestam e desaprovam todo o conteúdo que possa vir a trazer mais encargos fiscais aos cidadãos.

Serve de cenário a esta “guerra fria” ou jogo de gato e rato, uma conjuntura interna e externa bem representativa. Por um lado, internamente o País está uma autêntica manta de retalhos a nível social e económico, devido a anos sucessivos de políticas desastrosas, pautadas pela falta de coragem dos eleitos e pela satisfação dos interesses das respectivas clientelas associadas ao partido no poder em cada momento, o que causou no expoente máximo a grave situação das contas públicas. Por outro, a nível externo sofre o País constantes pressões económicas por parte de credores e especuladores, pressões essas a que é incapaz de responder devido à sua fragilidade intrínseca consequente das tais politicas do passado, fragilidade que o impossibilita de se libertar da “teia” global que é a Crise (termo que tanto explica tudo como quase nada…)

Assim temos um Governo que ameaça demitir-se se não for aprovado o seu orçamento, seja ele qual for e tiver ele que ser revisto as vezes que se julgarem necessárias, apoiado por um conjunto de “catedráticos”, na sua grande maioria ex-governantes com tantas responsabilidades na situação vivida como os actuais.

A assistir à situação encontra-se uma comunidade internacional de credores e especuladores que como num jogo de xadrez, espera pelo movimento do adversário para decidir qual a peça que avança para melhor atacar o rei.

Um dos principais atributos que devem constar do perfil de um líder é a coragem. A meu ver, desejo que esse atributo (raras vezes demonstrado pelos nossos governantes) invada toda a oposição e dessa forma rejeitem qualquer orçamento que prejudique ainda mais os cidadãos. Entendo que havendo boa fé por parte do Governo, este é capaz de apresentar um conteúdo razoável. Dizer que “é melhor um mau orçamento do que nenhum” é pura e simplesmente um desrespeito para com a comunidade.

Será pior? Bom, muito pior do que se está… não consigo alcançar. Pelo menos ficará a tal coragem. E depois, como no xadrez, ainda existe o roque, uma jogada especial de salvação do rei. Mas essa só pode ser executada uma vez!

Ricardo Duarte.

Sem comentários: