quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A eterna passividade do ser


Escrevo estas breves linhas com uma explicação prévia da minha humilde visão do “rectângulozinho à beira mar plantado”.

1) Isto é efectivamente um país e não uma associação criminosa governada, embora esteja pejado de casos de impunidade;

2) Vivemos efectivamente numa democracia, embora nem tudo esteja democratizado;

3) Em caso algum gostaria de viver numa ditadura em que eu fosse “pobrete mas alegrete”....

4) Existe liberdade de expressão embora nem toda a gente se esforce por se exprimir livremente, porque é preciso ter T****** e pode trazer consequências.

Ora bem, tomando isto como certo tenho um pequeno reparo a fazer, onde é que no testamento de Adão e Eva, se proibiu ao povo, que se deu ao trabalho de fazer um tratado com os vizinhos para dividir o mundo, de fazer uma reclamação porque umas calças não lhe servem nem nas orelhas, com a miserável justificação que foram compradas nos saldos? Ou que se pode servir um bife que está melhor para tapete do que para alimentação, a não ser claro que se tenha as suaves mandíbulas de um Pitbull...

Qual é o problema de reclamar, de pedir o que se tem direito? Quem é que no comércio, serviços ou na administração pública tem tamanho narcisismo que em caso algum pode ouvir uma qualquer crítica?

Chamam-me atrasado mental e arrogante entre dentes todos os dias na minha cara ou longe dela e eu aceito porque qualquer pessoa com dois olhinhos consegue ver isso. Porque é que um comerciante há-de ficar tão indignado com o facto de um café estar mais queimado que um tocador de gaita que ande a pedir na Rua Garrett?

Em Portugal a utilização racional, normal e justificada, de direitos subjectivos corresponde a um desatino assim tão grande?

As reclamações estão como que reservadas a uma elite pensante e estão associadas a fenómenos de burguesia de natureza patológica. Senão vejamos é sempre aquele “quéque” que veio reclamar do café, coisa que eu ando à anos para reclamar, mas simplesmente sempre achei que parecia mal? Isto não é nem normal nem saudável.

O normal exercício do direito não é coação!!!!!!!! Pedir uma factura não é sinal de desconfiança do comerciante que eu ando na lavagem de dinheiro, é sinal que o comerciante que nunca pagou IRC este ano vai pagar qualquer coisinha. Eu que estou sujeito a IRS por retenção na fonte tenho pago-o sem bufar, não vou ter de pagar ainda mais, para que o dito comerciante, possa importar um carrinho alemão para levar a mulher obesa ao supermercado. Recuso-me a pagar sozinho impostos quando quem tem mais capacidade contributiva do que eu podia pagar mas simplesmente não paga!!!!!!!!!

Quem não concorda com o raciocínio anterior, porque não gosta da maneira como se gasta o dinheiro dos impostos, vote em quem lhe dá garantias de como ele vai ser gasto e estimule outros a votar. Meus senhores isso é que é democracia, não é só mandar o patrão para a senhora que o deu à luz, ou mandar a pessoa que o ultrapassou no trânsito para se envolver de excrementos, que corresponde ao normal exercício da livre expressão democrática. Da mesa do meu café também eu conquisto o mundo e ganho o Euromilhões 30 vezes por mês, agora fazer alguma pequenina coisa, por exemplo, votar, dá a sensação de que se fez algo, nem que seja porque fiz alguma coisa num fatídico Domingo em que só me apetece dormir...

Se não confia em rigorosamente ninguém consulte um psiquiatra porque isso é patológico...

Peçam! Refilem! Estrebuchem! É o vosso direito e a vossa obrigação enquanto seres humanos!

Reparo: a música alta nos telemóveis em sítios ou transportes públicos não me aflige, porque quando se compram telemóveis roubados é muito raro virem com os phones. Por conseguinte não posso culpar o pobre idiota que não teve dinheiro para comprar um telemóvel topo de gama e teve de o comprar roubado, estimulando assim quem rouba a roubar o roubado, e assim, com um delicioso trava-línguas, a continuar o “comércio”.

João de Carvalho Rodrigues


Sem comentários: