sábado, 22 de janeiro de 2011

Que dirão as massas?

“Sempre considerei mais fácil convencer uma multidão do que uma única pessoa”

- Benito Mussolini


Finda que está a campanha eleitoral, vive-se hoje o habitual dia de reflexão anterior ao qual devem os cidadãos de uma democracia demonstrar através de voto secreto a sua escolha para o cargo em questão.

Mas também devem em democracia, os candidatos a qualquer cargo político apresentar propostas, pontos de vista, com o objectivo de satisfazer os desejos dos seus concidadãos.

E de facto nada de proveitoso se tirou dos discursos dos diversos candidatos. Acusações gratuitas de parte a parte e uma total ausência de reflexões coerentes dominaram o período que deveria ser destinado à apresentação de ideias, sujeitas a posterior análise do eleitorado. Mais preocupante se revela essa situação quando, para além de os candidatos terem passado uma imagem de desconhecimento do País, essa ignorância alastra-se à própria posição de Portugal na conjuntura internacional. A limitação de funções a que o Presidente da Republica está consignado não serve de desculpa.

Numa época dominada pelas tecnologias de informação, assistiu-se às habituais arruadas circenses e a comícios que fazem lembrar movimentos estudantis do século passado, embora esses bem mais ricos em termos de conteúdo.

Figuras ligadas às ditaduras do século XX como Mussolini ou Goebbels sabiam da importância fulcral da propaganda, da transmissão das mensagens com sucesso. Ainda que em contexto totalmente diferente, a comunicação política de hoje revela-se completamente fracassada.

Os politólogos da nossa praça prevêem a maior abstenção de sempre na história das eleições portuguesas. Preocupante dizem uns. Decadência da democracia defendem outros. Pois bem, a abstenção também faz parte do processo de escrutínio, compete a quem de direito tirar as devidas conclusões.

Contudo, a decisão ainda pertence às massas. Veremos o que irão decidir!

1 comentário:

Anónimo disse...

Flagelados por uma crise que os que agora se candidatam e muitos dos que os apoiam foram cerzindo nos últimos vinte cinco anos, depois do novo riquismo orgíaco dos anos noventa e do acumular de asneiras que todos hoje professoralmente diagnosticam mas ninguém evitou, votar no naipe de candidatos que nos oferecem para o desinteressante e anémico cargo de Presidente da República é um exercício que um bom jogging matinal de domingo, caso o dia esteja bom não deve tirar de sossego. Votar neste quadro de não-escolhas de mais do mesmo é sancionar um modelo e uns personagens esgotados e desacreditados, como aqueles artistas decrépitos que ainda se arrastam pelas feiras já sem o brilho de antanho e mais pena suscitam que admiração, e mesmo alguns quixotes voluntariosos que se dispuseram aos seus cinco minutos de fama não animam as hostes exauridas e apáticas, nestes dias de chumbo e de pardacenta anagnorisis. Um novo quadro de políticos e de políticas que quebrem os tiques e praxes deste modelo novecentista e caceteiro, de soundbites e slogans mediáticos, é necessário, que tragam propostas concretas e promovam verdadeiras políticas estruturais. E ter um discurso novo e uma acção nova não é só apostar em causas fracturantes da moda ou de fácil adesão popular, ou apenas culpando os que antecederam pelo estado a que as coisas chegaram, é actuar com frontalidade, no terreno e com empenho, atacando as causas e não os sintomas, mobilizando os marginalizados por um discurso não clientelar, pavlovianamente exibir um osso que verdadeiramente permita ao faminto cachorro salivar, e não achar que mais uma vez foi enganado. É claro que pouco pode o Verbo quando falta a Verba, mas não se pode pedir que participe no Sistema quem pela prática criminosa e negligente dele foi afastado, os cidadãos sérios que sempre pagaram os seus impostos e pouparam para a velhice e agora são igualmente chamados a pagar a factura a meias com os que esbanjaram, os que subiram nas carreiras a pulso para agora andarem para trás, não porque uma guerra ou um cataclismo natural a isso tivesse levado mas porque energúmenos alcandorados ao poder e em conluio com interesses privados a isso conduziram, bramindo agora o argumento dos malandros dos “mercados” que querem prejudicar Portugal.
Este é um momento de crise, falta o momento da catarse, mas votar não é só o acto formal de participar, é preciso haver escolhas, alternativas, projectos, e não só ritualmente perpetuar caras e tiques, alimentar vinganças pessoais ou vaidades. Por isso, dia 23 muitos ficarão em casa. Não por aversão aos políticos ou à politica, a do governo da polis, altruísta e desinteressada, mas por outros protagonistas e outra cultura da política para servir e não se servir.
Fernando Morais Gomes